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Mulheres de PMs do ES dizem que Associações não as representam



Mulheres de PMs do ES dizem que Associações não as representam
Representantes de militares e governo assinaram acordo nesta sexta-feira. Movimento das famílias alega que não forram comunicadas e seguem ato.
Por Juliana Borges
Do G1 ES
Manifestação de familiares de PMs na frente do 4º Batalhão, em Vila Velha (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Manifestação de familiares de PMs na frente do 4º Batalhão, em Vila Velha (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Após a assinatura de um acordo entre governo e associações de policiais militares e bombeiros, na noite desta sexta-feira (10), o movimento de famílias de militares garante que o protesto vai continuar. "Associações não nos representam", alega uma companheira de PM que faz parte da Comissão de Negociação das Mulheres, Familiares e Amigos da Polícia Militar e Bombeiro Militar.


Representantes dos policiais militares e do Governo do Estado chegaram a um acordo em uma reunião sem a participação das mulheres dos PMs que ocuparam a frente dos batalhões no estado. Pelo acordo, os PMs devem voltar às ruas do Espírito Santo às 7h da manhã deste sábado (11). A paralisação completou sete dias nesta sexta-feira.

A negociação terminou sem reajuste salarial para a categoria, mas ficou acertado que o Governo vai desistir das ações judiciais contra as associações, e formar uma comissão para regulamentar carga horária dos policiais.
O movimento das famílias alega que ninguém foi comunicado ou convidado para a reunião entre governo e associações. "Como mediadora das famílias de militares, só posso dizer pelas mulheres que elas decidiram em um coletivo que não vão aceitar isso. Não houve representação do nosso movimento. O governo quer que acreditem que acabou, que está feito o acordo, mas não fizeram acordo com a gente. Nossa proposta não foi aceita", disse a companheira de PM que não quis se identificar.


Uma das manifestantes que ocupam a porta do Batalhão de Missões Especiais (BME), em Vitória, também negou que o movimento tenha se encerrado após a reunião entre associações e Governo. Ela também preferiu não se identificar na reportagem.

“Eles não podem fechar um acordo sendo que o movimento é das mulheres. Não tinha nenhuma de nós lá. A reunião tem que ser passada por nós da comissão. O movimento continua, agora é que começam as negociações, porque conseguimos mobilizar representantes do Governo Federal”, disse, referindo-se à vinda do ministro da Defesa, Raul Jungmann, para o estado neste sábado (11).


O major Rogério, presidente da Associação dos Oficiais Militares, disse que se for preciso, vai usar medidas extremas para que a Polícia Militar volte às ruas.



"A gente busca sempre um entendimento, mas talvez uma parcela dessas mulheres ainda insista em ficar. Vai ser necessário um trabalho de convencimento, esclarecimento. Se não aceitarem esse acordo, se os policiais não acatarem, podemos chegar ao emprego de algumas medidas extremas, como o emprego de forçar armadas, e não é o que a gente quer", falou.

'Se tem dinheiro para concurso, tem pra reajuste'
Sem acordo entre governo e movimento de mulheres, na manhã desta sexta o secretário André Garcia declarou que se for preciso, vai demitir todos os policiais militares e fazer um novo concurso para que a situação acabe. Para a comissão das famílias, isso é um indício de que o governo tem verba.


"Se o governo diz que pode demitir todo mundo e fazer um novo concurso, ele tem dinheiro para pagar o que é de direito", disse uma companheira de policial militar que também faz parte da Comissão de Negociação das Mulheres, Familiares e Amigos da Polícia Militar e Bombeiro Militar.

"Não queremos aumento de salário, queremos o reajuste da inflação, que é de direito. O governador antes se gabava da atuação da nossa polícia, da redução de homicídios, então porque agora se tornou uma pedra no sapato?", questionou a mulher.
Sobre a também declaração do secretário quanto ao indiciamento de 703 policiais militares e a identificação de mulheres do protesto para informação ao Ministério Público Federal (MPF), ela acredita que seja uma tática de pressão.
"Isso é pressão. Nós somos apenas intermediadoras do protesto, não somos a liderança. Nossa comissão foi formada apenas para negociação, porque havia a necessidade disso, mas somos apenas intermediadoras. Não faz sentido nos culpar, ou culpar qualquer outra manifestante, por querer lutar para que alguém da nossa família tenha algo que lhe é de direito", disse.
Secretário de Direitos Humanos do Espírito Santo, Júlio Pompeu (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)

Secretário de Direitos Humanos do Espírito Santo,
Júlio Pompeu (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)
Negociação sem acordo
A proposta do movimento das mulheres foi apresentado ao governo nesta quarta-feira (8), em uma reunião com uma comissão formada pelo chefe da Casa Civil do estado José Carlos da Fonseca, o secretário de Direitos Humanos Julio Pompeu, o secretário de Estado da Fazenda Paulo Roberto Ferreira e o secretário de Controle e Transparência Eugênio Ricas.

Foi marcada uma reunião para ser apresentada a contra proposta do governo, para o dia seguinte, com início as 14h. A negociação durou quase 11 horas e terminou sem acordo.
Uma filha de policial militar, que também faz parte da comissão de negociação das mulheres e famílias, contou que elas estavam abertas a aceitar qualquer proposta de reajuste oferecida pelo governo.
"Eles não ofereceram nada. Ficamos 11 horas passando por aquela pressão e desde o início eles não estavam dispostos a oferecer nada. Quem fechou as portas para o diálogo foi o governo. Já foi muito sofrimento, muitas vidas perdidas, e nós chegamos de coração aberto pra negociar, mas queríamos pelo menos um mínimo e a garantia do restante do reajuste, nem que seja parcelado, depois", explicou.
O secretário de Estado de Direitos Humanos, Julio Pompeu, justificou a falta de acordo com as mulheres dizendo que o estado já está dentro do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, sendo acionado pelo Tribunal de Contas com frequência.
"Isso nos impede legalmente de darmos qualquer aumento a qualquer categoria neste momento. Nos dispomos a, quadrimestralmente – quando são avaliadas as contas do estado –, em havendo aumento da arrecadação tributária, nós darmos aumento linear a todos os servidores do estado", disse.
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