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ROLLEMBERG MONTA ESTRATÉGIA DE REELEIÇÃO EM 2018


A política brasiliense começa a movimentar as peças e a alinhar discursos de olho, principalmente na corrida para o Palácio do Buriti

Postado em 15/10/2017
Ana Viriato

Em uma partida de xadrez, as peças são movidas, estrategicamente, apenas após a análise de todas as opções viáveis dispostas no tabuleiro: um movimento errado pode significar a vitória do oponente. De forma parecida, mobilizam-se os políticos do DF, com olhares atentos às eleições de 2018. Apesar de ainda no início, o jogo ficou, oficialmente, mais acirrado na última semana — ao deixar a base aliada ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o PDT isolou o socialista e evidenciou que deve entrar na concorrência pelo Palácio do Buriti. A um ano das votações, costuras como essa se multiplicarão. Em jogo, estão o tempo de televisão, em uma campanha com prazo reduzido pela metade, e doações de empresas vetadas.


O certo até agora é que o chefe do Executivo local enfrentará artilharia pesada de diversas frentes. Entre os grandes partidos que o apoiaram em 2014, apenas a Rede permanece ao seu lado. A sigla do pré-candidato ao Senado Chico Leite, inclusive, discutirá a manutenção da aliança para as próximas eleições em congresso regional, previsto para novembro. “Há diversos itens a serem analisados. O primeiro deles é a discussão programática: até que ponto a proposta que ajudamos a construir foi cumprida? Outro item importante é a configuração das alianças nacionais”, destaca o porta-voz da Rede em Brasília, Pedro Ivo. A legenda ainda avaliará parcerias com PDT e PV.

Integrante da coligação original, o PSD, do deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) e do vice-governador Renato Santana, sinalizou que terá candidatos próprios a postos majoritários no próximo ano. “Vamos reunir o diretório para tomarmos uma decisão. De qualquer forma, entendemos que há uma diferença grande de sintonia entre o que o PSD deseja para a cidade e o que é feito por Rollemberg”, pontua Rosso.

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O discurso dos adversários terá enfoque nos embates de Rollemberg com o funcionalismo e com a Polícia Civil. Ainda assim, o governador aposta as fichas no incremento de caixa, garantido com a aprovação da reforma da Previdência. Ao deixar de aportar dinheiro do Tesouro para honrar os compromissos com servidores e aposentados, o chefe do Executivo local terá mais tranquilidade para negociar o futuro político. Alianças nacionais também podem interferir na disputa.


A maior das vertentes de oposição, caracterizada por uma proposta de centro-direita, conta com a composição preliminar de 10 partidos: PR, PSDC, PSDB, PRP, PMDB, DEM, PTB, PSL, PTdoB e PMB. Entre os nomes envolvidos estão os dos deputados federais Izalci Lucas (PSDB-DF) e Alberto Fraga (DEM-DF); do ex-deputado distrital Alírio Neto (PTB); e do ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR). Entre eles o acordo é de que o candidato com melhores projeções disputará o Buriti.

Nos bastidores, também integrante do grupo, Tadeu Filippelli (PMDB) assume que não terá condições de integrar a concorrência. O ex-vice-governador era cotado para concorrer ao Executivo local, mas o indiciamento na Operação Panatenaico, que investiga o superfaturamento do Estádio Nacional Mané Garrincha, o fragilizou. Mesmo assim, o peemedebista participa das costuras para garantir aliados na disputa por cargos majoritários. Entre eles, o distrital Wellington Luiz (PMDB).

Os rumos da coalizão serão definidos nessa semana, quando os potenciais candidatos devem se encontrar para definir as datas de afunilamento da disputa interna, além dos critérios de classificação. Ao longo dos próximos meses, devem ser observados itens como projeto de governo, colocação em pesquisas, capacidade de votos e, principalmente, viabilidade jurídica. Neste grupo, o candidato que mais se esforça na construção da própria campanha é Izalci Lucas, mas Jofran Frejat detém o maior apoio do eleitorado.

Independência


Ao colocar os cargos preenchidos por indicações políticas e adotar um posicionamento independente, o PDT abriu as portas para as negociações políticas de 2018. A resposta veio de pronto: o governador Rollemberg exonerou, na última sexta-feira, dezenas de comissionados pedetistas. É que, para o comandante do GDF, a única justificativa ao rompimento é o projeto político da legenda para o próximo pleito.

Mas a movimentação para a conquista dos cargos majoritários começou antes da ruptura. O partido chegou a cogitar a candidatura de Jofran Frejat ao Executivo local, desde que o ex-secretário de Saúde se filiasse à sigla. Pela configuração da aliança proposta, o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e o senador Cristovam Buarque (PPS) disputariam lado a lado as duas vagas do Senado. Mas Frejat não deve aceitar: “Não tenho nenhuma razão para sair do PR, porque é um partido que sempre me prestigiou. Ainda assim, fico lisonjeado com o convite. É sinal de que meu nome é de respeito e assimilável”, diz.

Também na mira do grupo de Joe e Cristovam está o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no DF, Ibaneis Rocha. Interessado na chefia do Buriti e à procura de uma sigla para se filiar, ele transferiu o título eleitoral do Piauí para o Distrito Federal e tem até abril de 2018 para escolher um partido. O PDT, inclusive, não é a única opção. Ibaneis mantém conversas com o PMDB, de Tadeu Filippelli.

“Novos projetos”


As articulações da esquerda seguem embrionárias. O PT dará largada, amanhã, ao projeto “O DF e o Brasil que o povo quer”, por meio do qual serão definidas propostas, alianças e nomes para 2018. O partido reúne opções para o lançamento ao Palácio do Buriti, como a ex-distrital Arlete Sampaio e a deputada federal e presidente regional da legenda, Erika Kokay. “O governo Rollemberg foi o mais autoritário dos últimos tempos, por não aceitar críticas ou sugestões. Então, o DF precisa mergulhar em uma radicalidade democrática. Queremos fazer um diagnóstico; saber quais as prioridades de Brasília e os nomes validados pela população”, destaca Erika.

O PSol conta com pré-candidatos ao Executivo local, como o presidente do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural, Clayton Avelar, e a auditora da Controladoria-Geral da União (CGU) Anjuli Tostes. Os próximos passos da legenda quanto às eleições de 2018, entretanto, devem ser decididos apenas após 22 de outubro, quando a sigla dará posse ao novo diretório da Executiva Regional. “O nosso partido pretende renovar a cena do DF e não deixar a disputa entre as velhas forças. A ideia é interagir e articular em torno de um programa transformador”, explica o candidato eleito, nas plenárias, à presidência do PSol, Fábio Félix.


Hélio José vai para o Pros
O senador Hélio José trocou o PMDB pelo Pros na última quarta-feira — a quarta mudança de sigla do parlamentar, que tem passagens por PT, PSD e PMB. A assessoria do senador não confirmou se a saída do partido do presidente Michel Temer ocorreu por divergências por causa do voto contrário de Hélio à reforma trabalhista. Em julho, no programa CB. Poder, o político chegou a anunciar que tentaria se candidatar ao Senado ou a outro cargo pelo PMDB, mas também afirmou que “mudar de partido é um processo natural”.

Doações restritas
Devido à minirreforma eleitoral, as campanhas, que antes começavam após 5 de julho, tiveram o início adiado para 15 de agosto, o que reduziu o período de 90 para 45 dias. Além disso, doações de empresas estão vetadas. Apenas pessoas físicas poderão destinar verbas aos candidatos.


O movimento das peças políticas
Pela reeleição
O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) corre contra o relógio para reestruturar a base aliada após uma série de rompimentos. A sigla, que perdeu o apoio de PDT e PSD, manteve, entre os grandes partidos, apenas a Rede ao seu lado. Com folga nos caixas em decorrência da aprovação da reforma da Previdência, o chefe do Palácio do Buriti terá mais tranquilidade na busca por novas coligações e para enfrentar a árdua missão de melhorar a imagem ante o funcionalismo e a Polícia Civil.

Última aliada
A Rede, do pré-candidato ao Senado Chico Leite, discutirá em um congresso regional, previsto para novembro, a possibilidade da manutenção da aliança com o PSB para 2018. A sigla ainda mantém conversas com PDT e PV. A decisão depende das costuras nacionais.

Agora concorrente
Ao colocar os cargos à disposição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e adotar um posicionamento independente, o PDT sinalizou o desejo de emplacar um candidato próprio ao Palácio do Buriti. O nome do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, é o mais cotado para a disputa. Mas o partido também discute alianças com o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF), Ibaneis Rocha, e a ele interessa apenas a chefia do Executivo local.

O PPS participa das negociações. Cacique da política brasiliense, o senador Cristovam Buarque (PPS) deve integrar a chapa de centro-esquerda e disputar a reeleição. O parlamentar do PPS, contudo, não esconde o desejo de ser presidente da República. Como em 2006, postula o apoio do partido para tentar concorrer ao principal cargo do país.

Maior coalizão
Pelo menos dez partidos de centro-direita uniram-se pela disputa de cargos majoritários. Entre eles, o acerto é de que os candidatos com maiores chances, segundo as projeções, abocanharão os postos de governador, vice-governador e senador. Confira alguns dos participantes:

Fortalecido
Líder nas pesquisas eleitorais, Jofran Frejat ocupou cinco vezes o posto de deputado federal e quatro o de secretário de Saúde do DF. Com um histórico livre de escândalos de corrupção, é considerado, nos bastidores, a opção mais forte ao Palácio do Buriti.

Articulações
Izalci Lucas (PSDB) busca acordos nacionais para se tornar candidato à chefia do Executivo local. Entre os integrantes da coalizão de postulantes a cargos majoritários, é o que mais tem articulado, seja com a construção de alianças, seja com a divulgação do trabalho em cidades do DF.

Pela coalizão
Delegado aposentado e deputado distrital por três vezes, o presidente da Executiva Regional do PTB, Alírio Neto, é um dos principais articuladores da coalizão. Ao petebista interessam apenas os cargos de chefe do Palácio do Buriti ou vice-governador.

De olho no Senado
Integrante da bancada da bala na Câmara dos Deputados, Alberto Fraga (DEM) afirma, publicamente, que será candidato a governador. Na prática, trabalha para ir ao Senado. Conquistou o quarto mandato com 10,66% dos votos — maior percentual entre os concorrentes.

Correndo por fora
O PSD sinalizou que não estará ao lado de Rodrigo Rollemberg nas eleições de 2018. Mas, para não cair no ostracismo após a apagada gestão do vice-governador Renato Santana, a sigla terá de buscar sólidas alianças. Uma opção para abocanhar cargos majoritários é investir na candidatura do deputado federal e presidente regional do partido, Rogério Rosso. A sigla ainda considera apostar em um outsider devido ao desgaste do cenário político.

Conversas embrionárias
O PT pretende debater com a população as necessidades prioritárias do DF e validar os nomes assimiláveis para a disputa antes de firmar alianças para as eleições de 2018. O partido detém nomes tradicionais para a disputa pelo Palácio do Buriti, como a deputada federal Erika Kokay e a ex-deputada distrital Arlete Sampaio. O nome da Wasny de Roure, por outro lado, é cotado para o Senado. A legenda considera conversar com partidos alinhados como PCdoB, PDT e PSol.

Novas apostas
Conhecidos nomes do PSol, Toninho e Maninha devem ficar de fora da corrida pelo Palácio do Buriti para concorrer, respectivamente, a cargos no Legislativo local e na Câmara dos Deputados. A despeito disso, o partido conta com novos pré-candidatos ao Buriti. As regras do jogo, que envolvem os critérios para a escolha da aposta oficial da sigla e da costura de alianças, serão definidas após o congresso regional, previsto para 22 de outubro. Segundo bastidores, o PSol não deve firmar parceria com o PT para o próximo pleito.
Fonte: Correio Digital
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