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Presos em megaoperação contra pedofilia moram em áreas nobres do DF




Presos em megaoperação contra pedofilia moram em áreas nobres do DF
Idoso de 68 anos está entre os presos na segunda fase da Operação Luz na Infância. Foto: Breno Esaki/Jornal de Brasília

Três homens já foram presos na capital federal. Entre eles, um idoso de 68 anos e um jovem de 26



jessica.antunes@grupojbr.com

Três homens foram presos em flagrante no Distrito Federal na manhã desta quinta-feira (17) durante a maior ação de combate à pedofilia do mundo. A 2ª fase da Operação Luz na Infância faz parte de força tarefa coordenada pelo Ministério da Segurança Pública. Aqui, 14 mandados de busca e apreensão são cumpridos em 11 regiões. As prisões ocorreram em áreas nobres, na Asa Norte, Cruzeiro Velho e Park Way.
Um dos presos foi surpreendido na Asa Norte.  Trata-se de um aposentado de 68 anos, que usaria a rede da mãe para cometer os crimes. O segundo é um jovem de 26 anos, estudante de educação física, que trabalha como recepcionista. Ele foi preso no Cruzeiro. O terceiro foi detido no Park Way. Peritos identificaram conteúdo armazenado e compartilhado no computador do comerciante de 56 anos.J

Um dos presos é um jovem de 26 anos, estudante de educação física. Foto: Breno Esaki/Jornal de Brasília

Polícia Civil do Distrito Federal ainda cumpre mandados em Taguatinga, Ceilândia, Recanto das Emas, Vicente Pires, São Sebastião e Guará. Assim, o número de detidos pode aumentar. Um dos mandados deve ser cumprido em uma loja de aluguel de roupas de festas e o suspeito usaria o computador do estabelecimento por longos períodos durante o dia. Outro, em Ceilândia, é psicólogo. Em ambos os casos, os mandados cumpridos são de busca e apreensão. Para serem presos em flagrante, como o trio, é preciso comprovar a gravidade do crime no local.
De acordo com a chefe da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), foram identificados conteúdos de imagens pornográficas de cunho sexual envolvendo crianças e adolescentes. Os dados foram levantados pelo Ministério da Segurança Pública e repassados às corporações dos Estados e do DF. Em cada localidade, as investigações são feitas de forma segmentada. “Levantamos endereços e verificamos quem são as pessoas que frequentam residências e comércios onde foram apontados casos suspeitos”, explica Ana Cristina Melo Santiago. O dono do plano da internet não necessariamente é o envolvido no crime, já que pode ter compartilhado a rede.
Peritos criminais acompanham as diligências policiais e identificam os crimes nos equipamentos. Computadores, pendrives, celulares e videogames foram apreendidos. Peritos e agentes demonstraram consternação com o que encontraram nos equipamentos dos alvos. “Tudo vai ser melhor estudado, passará por perícia mais minuciosa para esmiuçar a prática. É preciso apurar se o crime ficou ao na esfera virtual, se foram produzidas as imagens pelo próprio suspeito”, diz a delegada. A delegada-chefe da DPCA lembra que não existe perfil de autor ou vítima. “Também não há preponderância de classe econômica ou educacional”, ressalta.

Comerciante de 56 anos foi preso no Park Way. Foto: Breno Esaki/Jornal de Brasília

Mais de 500 alvos
O Ministério da Segurança Pública classifica a operação como a ação do mundo de combate à pedofilia. A Operação Luz na Infância 2 ocorre em parceria com as Polícias Civis do Distrito Federal e de 24 estados. Mais de 2,6 mil agentes cumprem os mandados de busca e apreensão de arquivos com conteúdos relacionados a crimes de exploração sexual contra crianças e adolescentes. Suspeitos também estão sendo detidos em flagrante.
Os alvos foram identificados pela Diretoria de Inteligência da pasta, com base em elementos coletados na internet, que apresentavam indícios dos crimes. Foram quatro meses de investigação. Dos 579 mandados de busca e apreensão. 132 resultaram em prisões em flagrante em todo o País. Segundo os investigadores, a pessoa encontrada com o menor número de documentos (entre fotos, vídeos e outros arquivos virtuais) tinha, sozinha, 150 itens armazenados.
Em entrevista coletiva concedida em Brasília, o ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, destacou a integração usada para enfrentar o crime virtual em várias regiões. “Com a união das polícias, conseguimos realizar uma ação inédita no país. Nunca tivemos a União Federal dando rumos para a segurança pública. Deixaremos um legado de governança para mudar a triste realidade de violência”, afirmou.

Computadores e malotes foram apreendidos na Operação Luz na Infância 2. Foto: Breno Esaki/Jornal de Brasília

Sete meses antes
Em outubro de 2017 ocorreu a primeira fase da Operação Luz na Infância. Na ocasião, foram cumpridos 157 mandados de busca e apreensão de computadores e arquivos digitais. Durante a apreensão desses materiais nos 24 estados e DF, foram identificadas e presas 112 pessoas que utilizavam esses equipamentos para produzir, guardar ou compartilhar conteúdos de pedofilia na internet. Seis pessoas foram indiciadas.
Conforme a chefe da DPCA, todos respondem em liberdade. Isso porque as penas para armazenamento e transmissão são baixos. O primeiro pode levar à reclusão por até quatro anos e a fiança pode ser arbitrada na própria delegacia. O outro, referente ao compartilhamento dos conteúdos, pode chegar a seis anos. “Em geral, essas pessoas não tem antecedentes e são liberadas em audiência de custódia”, afirma Santiago.
Saiba mais
O nome da operação foi escolhido por fazer referência a crimes bárbaros e obscuros contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes. Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública, os acusados deste tipo de delito agem nas sombras da internet e devem ter suas condutas elucidadas e julgadas, como a de qualquer criminoso.

Jovem de 26 anos foi preso no Cruzeiro. Foto: Breno Esaki/Jornal de Brasília
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