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Uruguai vai às urnas para decidir em plebiscito sobre prisão perpétua
Disputa presidencial deve ir a 2º turno. Uruguaios também decidem em plebiscito se aprovam ou não reforma na área de segurança, que incluiria criação de guarda militar.
O Uruguai vai às urnas neste domingo (27) para escolher o sucessor do presidente de esquerda Tabaré Vázquez, em eleições nas quais os cidadãos também se pronunciam sobre uma reforma de segurança que cria uma guarda militarizada.
As eleições presidenciais e parlamentares acontecem ao mesmo tempo que na Argentina, em um contexto de instabilidade regional, com questionamentos aos resultados da votação na Bolívia, protestos de rua em massa no Chile e no Equador.
"A democracia no Uruguai está muito sólida e é preciso cuidar dela diante dos riscos", disse Tabaré Vázquez nesta quinta-feira a jornalistas, em uma última mensagem antes da votação, para qual foram convocados 2,6 milhões de eleitores.
A votação também ocorrem em meio à comoção gerada pelo anúncio de que Tabaré Vázquez está em tratamento contra um câncer de pulmão.
Os números mostram que o engenheiro Daniel Martínez, governista da Frente Ampla, lidera com 33% das intenções de voto. Em seguida, está o advogado Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, com 25% (conheça os candidatos no fim da reportagem).
Indicadores preocupantes
A votação será um teste de fogo para a Frente Ampla, coalizão de esquerda que governa o país desde 2005 e que enfrenta as eleições com uma economia estagnada, inflação acima do teto da meta oficial (7,56%), desemprego de 9% e uma degradação dos indicadores de segurança que são um tema central da campanha eleitoral.
Outrora considerado um oásis de paz em uma região turbulenta, o Uruguai viu as estatísticas de segurança piorarem nos últimos anos. No ano passado, houve um número recorde de homicídios (414), um aumento 45% em relação a 2017.
Por isso, além de votar para presidente, os uruguaios se pronunciarão por uma reforma constitucional de segurança que gerou grande polêmica.
A reforma promove a criação de uma guarda nacional com efetivo militar em tarefas policiais; a criação de uma pena de prisão perpétua "revisável" após 30 anos de cumprimento da sentença para delitos graves; penas mais duras de prisão para homicidas e estupradores; e a autorização de operações noturnas de busca e apreensão a residências, por ordem judicial, em caso de suspeita de ilícitos.
As eleições uruguaias ocorrem em um contexto turbulento na América do Sul, onde a maior parte dos países enfrenta protestos ou crises políticas sem precedentes. Embora o projeto de reforma na segurança tenha sido o estopim para uma série de protestos no país, o Uruguai vive cenário político e econômico relativamente estável na comparação com vizinhos.
O pacote de medidas inclui:
Criação de uma Guarda Nacional militar que terá poder de polícia
Adoção da prisão perpétua
Fim da progressão de pena em alguns casos
Possibilidade de operações de busca à noite, com autorização judicial
Em 2018, a taxa de homicídios no Uruguai chegou a 11,8 a cada 100 mil habitantes. É a primeira vez que o índice chegou a dois dígitos na história do país. Com isso, segundo o "El País", somente Venezuela, Brasil e Colômbia tiveram maior proporção de mortes violentas no ano passado.
Pesquisas de opinião apontam vitória do "sim", embora nenhum dos principais candidatos tenha manifestado apoio ao projeto – nem Lacalle Pou, colega de partido do senador que liderou a campanha pela aprovação; nem o militarista Guido Manini Ríos, que adota forte discurso pela mudança na área de segurança pública.
A oposição ao projeto também cresceu nas ruas de Montevidéu, onde milhares de manifestantes disseram "não" à proposta. De fato, o apoio caiu ao longo do ano, principalmente depois que figuras centrais da política uruguaia – da direita e da esquerda – passaram a expressar dúvidas quanto à efetividade da proposta.
À direita, os críticos temem que a reforma enfraqueça e pressione as Forças Armadas. À esquerda, opositores da medida acreditam que ela não resolverá o problema de segurança e poderá aumentar a violência.
Veja os principais candidatos a presidente:
Daniel Martínez – Frente Ampla
Luis Lacalle Pou – Partido Nacional
Guido Manini Ríos – Cabildo Abierto
Ernesto Talvi – Partido Colorado
Fonte: G1
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