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Bolsonaro reclama de Congresso e Judiciário, mas fala em "afinar viola" com demais Poderes

REUTERS/Adriano Machado



(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro usou sua transmissão semanal em uma rede social para reclamar que o Congresso não coloca em pauta projetos de autoria do governo e que o Judiciário toma decisões contrárias a medidas adotadas por sua gestão, mas defendeu “afinar a viola” com os demais chefes de Poderes.


As reclamações do presidente acontecem após o episódio revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em que Bolsonaro compartilhou com contatos no WhatsApp vídeos feitos por terceiros que convocam para um protesto no dia 15 de março que tem como um dos motes ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Alguns falam que eu não tenho articulação com o Congresso. Realmente eu não consigo aprovar o que eu quero lá. Eu até gostaria que fosse colocado em pauta muita coisa, mas não é botado em pauta. É outro Poder que você tem que respeitar, é a regra do jogo”, disse Bolsonaro.

“Caducar medida provisória, não botar em pauta, é triste isso daí”, disse.

Entre os projetos que foram alvos de reclamação do presidente estão as medidas provisórias que criava a carteira de estudante digital e a que acabava com a obrigatoriedade de empresas publicarem seus balanços financeiros em jornais de grande circulação. Essas duas MPs perderam validade sem serem votadas no Congresso.


Bolsonaro também reclamou que, segundo ele, pelo que soube, a Câmara dos Deputados não colocará em pauta um projeto de lei de autoria do Executivo que permite a mineração em terras indígenas e que a proposta que altera o prazo de cinco para dez anos o prazo de renovação da Carteira Nacional de Habilitação está parada.

“Lamento, gostaria de fazer muito mais coisas pelo Brasil, mas tem um problema”, disse. “Vou buscar fazer tudo aquilo que eu falei durante a campanha e falei que 90% do que eu quero passa pelo Parlamento, agora, o Parlamento nosso tem seus problemas”, afirmou, sem especificar quais seriam esses problemas.

Bolsonaro também reclamou de decisões da Justiça que reverteram a medida do governo que retirou radares de fiscalização móveis de velocidade das estradas e de uma decisão em primeira instância, posteriormente derrubada, que impediu a nomeação de Sergio Camargo para a Fundação Palmares.



A decisão se baseava no fato de Camargo, que é negro, ter feito no passado declarações apontadas como racistas. Afirmou, por exemplo, que a escravidão foi benéfica para os descendentes dos escravos.

“Parece que eu não posso mudar nada”, reclamou Bolsonaro na transmissão.


Apesar das reclamações —e das críticas que fez— o presidente disse que não criticaria o Parlamento ou o STF e falou em “afinar a viola” com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo, Dias Toffoli.

“Não vou criticar o Parlamento, assim como não critico decisão do Supremo Tribunal Federal. Respeito os Poderes, agora tem coisas que tem que insistir”, afirmou.


Por Eduardo Simões, em São Paulo
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