Animais mortos com mutação da covid emergem da tumba na Dinamarca
Visons foram exterminados por carregar coronavírus mutante transmissível a humanos; liberação de gases fez animais se mexerem na cova
Por Carla Aranha
Nas últimas semanas, a Dinamarca precisou sacrificar 15 milhões de visons, usados para a fabricação de casacos de pele, porque as autoridades sanitárias descobriram que os animais carregavam uma mutação da covid transmissível aos seres humanos. A população, que já estava alarmada com a notícia do vírus mutante, ficou ainda mais assustada nos últimos dias — os animais pareciam estar levantando da tumba.
Os moradores da região de Jutland, conhecida pelas criações de visons, relataram ter visto os pequenos mamíferos se mexendo nas covas onde foram colocados depois de mortos. Segundo relatos, alguns pareciam estar se erguendo dos locais onde foram enterrados.
A situação provocou um frenesi na região. Muitos moradores pediram para o governo cremar as carcaças.
O porta-voz da polícia dinamarquesa, Thomas Kristensen, precisou ir a uma rede de TV local para explicar o que estava acontecendo com os visons sacrificados. Gases são liberados pelos corpos enquanto eles se decompõem embaixo da terra, esclareceu Kristensen. “Algumas vezes, eles podem ser empurrados para fora do chão, mas não são zumbis“, disse.
Segundo o governo dinarmaquês, os visons transmitiram a doença a pelo menos 12 pessoas. Até agora, é o único caso conhecido de transmissão para humanos.
A Dinamarca é a maior produtora mundial de peles de visons. Nos últimos meses, houve aumento da propagação do coronavírus nas fazendas onde esses animais são criados. Com humanos sendo infectados pela mutação do vírus encontrado nos visions, o governo tomou a decisão de exterminar os animais.
O vírus mutante gerou preocupações também em relação à eficácia das vacinas em desenvolvimento. Pesquisadores dinamarqueses concluíram que essa mutação do coronavírus é menos sensível aos anticorpos de pacientes que tiveram covid-19.
Foram encontradas quatro alterações diferentes na espícula de proteína spike, usada para o vírus se prender a células humanas e causar a infecção. Uma das mutações é a chamada “Cluster 5”, que é mais resistente aos anticorpos de pessoas que tiveram a covid-19 (Sars-CoV-2).
Entre as 12 pessoas infectadas com a variante do vírus, 11 eram da região da Jutlândia do Norte, no noroeste do país, e uma na Zelândia. “A melhor maneira de se livrar dessa variante é geralmente desacelerar a propagação da infecção”, alertaram os pesquisadores.
Matéria da EXAME
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