Sem obrigatoriedade, grupo de PMs se mobiliza contra vacina da covid em SP
A reportagem entrevistou cinco policiais militares que atuam na capital nos últimos dias: um primeiro-tenente e um soldado que atuam na zona leste, um cabo e um sargento da zona sul e um segundo-tenente da zona norte. Todos eles afirmam não querer se vacinar. Três deles, porém, se cadastraram para serem imunizados mesmo sem interesse.
As principais teses seguidas por eles são de oposição ao que diz e orienta Doria. Dizem que determinações são seguidas apenas em ditaduras, afirmam não confiar em vacina trazida da China, repetindo o discurso que Bolsonaro entoava contra a CoronaVac, que é produzida pelo Instituto Butantan, tem aval da Anvisa e eficácia comprovada por estudos.
Para os cinco policiais entrevistados, mesmo com o atraso na compra das vacinas pelo governo federal e com medidas que não se baseiam em dados científicos -sobretudo com relação a "tratamentos precoces" e contra isolamento—, as ações do presidente Bolsonaro são mais efetivas do que as de Doria.
Afirmam, ainda, que não podem confiar no político que governa o estado com mais mortos do Brasil. De fato, em números absolutos, São Paulo é o estado com mais mortes. No entanto, também é o estado mais populoso, não sendo o pior proporcionalmente.
A articulação deles, feita em grupos de WhatsApp e também no dia a dia, presencialmente, tem como intuito, segundo os próprios policiais antivacina, convencer seus colegas de farda, sobretudo os de baixa patente, a também não se vacinar.
Outros policiais paulistas, principalmente do oficialato, afirmam que é pequeno o movimento antivacina dentro da corporação paulista. Dizem que a orientação está sendo feita de maneira "efetiva" em prol da vacinação em massa de todos os policiais do estado, não só os militares, mas, também, os civis, técnico-científicos e penais. Eles criticam o movimento contrário à vacina e se preocupam por esses policiais serem possíveis vetores de transmissão do vírus.
Por meio de nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) confirmou que a imunização dos agentes é voluntária. "Cerca de 140 mil doses de imunizante estarão disponíveis para os profissionais da ativa das polícias Militar, Civil e Técnico-Científica, Corpo de Bombeiros, Guardas Civis Metropolitanos, Guardas Municipais, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (que atuam em SP) e agentes da Fundação Casa."
A pasta afirmou que a PM fará o registro de todos os policiais que optarem por não receber a vacina para controle interno e da saúde. "Todos os benefícios recebidos pelos policiais são garantidos por lei. Portanto, não estão associados à vacinação", disse a SSP.
Já a Polícia Civil não fará registro dos agentes que não se vacinarem. A SSP não explicou o porquê. "As instituições de segurança de São Paulo reforçam que incentivam a imunização dos agentes como forma de proteção de toda a população contra a epidemia de coronavírus", complementou a secretaria, por meio de nota.
Na cerimônia de inauguração da vacinação dos policiais, no Barro Branco, Doria afirmou que os policiais também estão na linha de frente, tendo contato com o público. "Queria destacar todos esses profissionais e agradecer pelo esforço, pela dedicação, pelo desprendimento que têm feito neste período de pandemia. Todos esses agentes fazem parte dos nossos heróis, ao lado dos nossos profissionais de saúde", afirmou.
O secretário da Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos, acrescentou que "esse processo de imunização representa um marco histórico. Nós vamos imunizar e proteger aquelas pessoas que protegem a sociedade paulista. Essa vacina chega como uma benção para que possamos estar em melhores condições para cumprir nossa missão
Fonte: UOL
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