A CPI da Pandemia pode ser ótima para Bolsonaro
Por Sérgio Praça
"Continuo dizendo, só Deus me tira daquela cadeira. Não vai ser... essa CPI tá um vexame, só se fala em cloroquina", disse o Presidente neste sábado. (Marcos Correa/Reuters)
Quando a CPI da Pandemia foi instalada,
muita gente se animou.
Mesmo assim,
a CPI pode ser ótima para Bolsonaro.
O principal motivo é que há uma novidade ainda não bem incorporada por muitos analistas: a circulação de informações políticas não tem a mesma dinâmica, hoje, de dez anos atrás. O clichê é verdadeiro. As redes sociais – especialmente o Whatsapp, que não é bem uma rede – mudaram a relação das pessoas com a informação política. Receber notícias de escândalos envolvendo meu político predileto não me torna menos propenso a votar nele. Talvez o contrário: notícias “ruins” podem me irritar, reforçar minhas preferências políticas e diminuir minha confiança na imprensa tradicional.
Essa dinâmica não depende, necessariamente, da internet – embora por ela seja reforçada.
Mas Lula sobreviveu bem às investigações, pois sacrificou ministros importantes e o crescimento econômico do país à época lhe dava segurança. Qualquer notícia de escândalo era atribuída ao “PIG” – Partido da Imprensa Golpista. Reelegeu-se no ano seguinte sem sustos. O escândalo não tirou sua popularidade.
Talvez o mesmo aconteça agora, por vias diferentes, com Bolsonaro. Basta que seus apoiadores mais notórios, como a deputada federal Carla Zambelli (PSL), sigam criando fatos para manter a dinâmica das redes sociais bem alimentada.
Diz o artigo de Sérgio Praça
Cientista político com doutorado pela Universidade de São Paulo e professor da FGV CPDOC para a EXAME
1 comentário
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Gostei do artigo. Bastante lúcido. Só achei o último parágrafo um pouco evasivo.
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