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Líderes anunciam lançamento do INVASÃO ZERO para 2 de setembro


Produtores rurais de Anápolis se movimentam contra invasões de terra

Líderes da mobilização anunciam lançamento para 2 de setembro, durante ato que vai tratar do futuro da direita

Por: Marcos Vieira

Foto: Orisvaldo Pires


O produtor rural Randerson Aguiar é coordenador em Goiás do Movimento Invasão Zero, que será lançado oficialmente em um evento em Anápolis no próximo sábado, 2 de setembro, no Teatro São Francisco, durante congresso que vai tratar do futuro da direita no Brasil. Aguiar explica na entrevista a seguir quais são as motivações do movimento, que segundo ele não prega qualquer tipo de violência, mas sim o diálogo e o respeito à propriedade rural, propondo um antagonismo e neutralização das ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).


O que é o Movimento Invasão Zero?

É um movimento que nasceu na Bahia, é a união dos produtores rurais, que decidiram fazer uma nova frente de diálogo e também de contenção das invasões que começaram e se intensificaram no abril vermelho, durante esse ano.

Quais são as principais ações do movimento?

A principal ação, primeiro, é a união, ou seja, unir todos os produtores. A estratégia é colocar núcleos nas principais cidades, estabelecer as lideranças e isso é um trabalho de inteligência, porque as propriedades não podem ficar vulneráveis ou dependendo só do Estado. O Estado sim é eficiente para isso, mas aquela informação de boca a boca que traz realmente o resultado. Então quando uma propriedade vê a possibilidade de ser invadida, os produtores se unem e vão para dentro daquela propriedade para tentarem inibir de forma pacífica, através do diálogo transparente com quem está querendo entrar. Então o princípio é o seguinte: um copo cheio se colocar mais água ele derrama, não é isso? Então se tiver 500 produtores como vão entrar mais 500 para dentro da propriedade? Essa é a tese.



O movimento nasce em Goiás aqui na cidade de Anápolis?

Eu, na condição de coordenador do Movimento Invasão Zero em Goiás, estamos lançando no dia 2 de setembro, junto com o maior fórum da direita do Brasil que vai acontecer em Anápolis, no Teatro São Francisco, vai ter o momento que será lançado oficialmente o Movimento Invasão Zero em Goiás. E serão lançados núcleos nas regiões que já estão escolhidas. Então ali vamos apresentar à sociedade goiana e à cidade de Anápolis essa nova força que vem do campo, que tem uma bandeira definida, o enfrentamento às invasões das propriedades. Inclusive Anápolis tem invasão, Goiás está sofrendo com um caso emblemático, que é Hidrolândia, e outros lugares tem acampamentos e tudo. Essa questão da reforma agrária no Brasil precisa ser bem debatida e um crime não pode ser aceito como bandeira para debater um tema tão relevante para a sociedade brasileira e também para um setor importante da economia do Brasil.



Então o movimento não é contra a reforma agrária?

Não. Terminantemente nós do Invasão Zero não somos contra a reforma agrária. O que nós não concordamos é com a invasão de propriedades porque isso fere a lei. E o princípio democrático é que o diálogo precisa ser estabelecido dentro das regras. O diálogo só pode ser feito dentro das regras. E nesse caso quando há uma invasão está fora da regra. E nós, os produtores rurais, e não só o Invasão Zero, somos a favor de uma reforma agrária que seja saudável para o setor rural e para a sociedade. Porque é preciso pacificar o Brasil e um dos pontos hoje que tem que ser trabalhado com muita dedicação é a nossa área rural que está sob ameaça constante. E isso precisa ser solucionado.



O movimento quer ter diálogo com o governo federal?

O movimento nunca fechou o diálogo. Aliás, o movimento nasceu da necessidade de diálogo. Nós não somos radicais, não somos intransigentes, muito pelo contrário, o que queremos é que o governo federal nos ouça, que abra os canais de conversação com o setor rural para que possamos pacificar. Porque não há como manter uma situação de equilíbrio social no Brasil sendo que de certa forma nos parece que o governo incentiva esse tipo de atividade. E aí ele frontalmente está colocando um grupo social, que são os produtores rurais, em desvantagem. Da mesma forma que ele está sinalizando para o MST tem que sinalizar para os produtores rurais, pois somos brasileiros, todos nós. O MST é brasileiro e os produtores também são. E temos que ser tratados como a Constituição determina, com igualdade. E é isso que queremos. O governo precisa dialogar e é isso que esperamos.



Alguns podem temer algum tipo de violência no campo por conta dessa organização. Qual a mensagem quanto a isso?

A mensagem que eu tenho à sociedade brasileira, à sociedade goiana e à sociedade anapolina: nós somos do diálogo, porém firmes no que acreditamos e nos direitos que temos e estão previstos em Constituição. O fato de ser firme não significa que somos violentos, de forma alguma. Agora, nós não fazemos como o MST faz. A violência parte do MST. Ele que invade a propriedade, que mata o gado, que faz extorsão com os produtores rurais. Isso não pode ficar sem expressão. Esses crimes precisam ser apontados e responsabilizados e é isso que nós do Movimento Invasão Zero queremos e vamos fazer. Agora o diálogo é a nossa maior ferramenta. A sociedade brasileira pode ficar tranquila, não está nascendo um novo grupo sectário, agressivo, que quer fazer qualquer transformação ou qualquer tipo de ação que fuja dos princípios que são basilares da conduta da sociedade. Agora queremos sim fazer com que nosso direito seja atendido, seja respeitado, que a propriedade privada seja respeitada. Isso é uma questão de civilização. Não existe lugar nenhum no mundo onde existem civilização e democracia, que a propriedade privada não seja respeitada. Não faz sentido um grupo que está à margem da lei querer fazer o contrário do que está na lei. É isso que pensamos e é isso que queremos.


E o movimento tem alguma ligação político-partidária?

Não. Pelo contrário. Eu acho... Acho não, pois quem acha não tem certeza. Estou convicto que a sociedade, cada indivíduo, cada cidadão, tem o direito de escolher o partido que quiser e votar em quem ele quiser. A nossa instituição é apartidária. E ao contrário do MST, temos CNPJ e temos nomes que são responsabilizados por qualquer ato. Nós não somos à margem da lei. Temos uma instituição que tem um CNPJ e respondemos civil e criminalmente pelas nossas ações.

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