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Autor: TENENTE-CORONEL AGUIAR
POR: Luiz Fernando Ramos Aguiar
Os últimos episódios envolvendo policiais militares reacenderam o debate sobre o uso de câmeras corporais por policiais em serviço. Uma questão técnica que poderia ter sido resolvida de maneira descomplicada tornou-se um cavalo de batalha ideológico, envolvendo defensores e detratores do equipamento.
A tecnologia, amplamente utilizada em diversos países, não é um bicho de sete cabeças, mas levanta questões relevantes, tanto em relação à privacidade de policiais e cidadãos quanto ao modelo de operação que será adotado.
A defesa do uso das câmeras acabou se tornando uma espécie de símbolo da esquerda em oposição, principalmente aos governadores mais conservadores. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás, transformaram-se nos principais opositores do sistema, capturando o sentimento dos policiais em relação à autonomia no desempenho de suas funções e à falta de privacidade gerada pela utilização dos equipamentos.
Toda essa polêmica poderia ter sido evitada caso o modelo de operação original, implementado no estado de São Paulo, não tivesse optado por se tornar uma espécie de Big Brother. As câmeras funcionavam de forma ininterrupta durante todo o turno de serviço dos policiais. Esse modelo de operação é mais uma “jabuticaba” da segurança pública brasileira – uma inovação pensada de forma enviesada e fadada ao fracasso.
O primeiro problema desse sistema de vigilância contínua é o alto custo para manutenção e armazenamento dos dados gerados pelas câmeras em operação. Além disso, o modelo prejudica a atuação dos policiais, que deixam de contar com a confiança da população para obter informações cruciais para evitar crimes e prender criminosos. Afinal, em um país onde comunidades são dominadas por facções e milícias, qual cidadão, em sã consciência, forneceria informações a um policial sabendo que toda a conversa está sendo registrada?
Outra questão completamente ignorada é a da privacidade. Quando as câmeras corporais registram todo o período de serviço dos policiais, esses profissionais tornam-se não apenas vítimas do Big Brother, mas também seus próprios agentes. Ao entrarem em um hospital, uma residência ou mesmo uma igreja, todas as pessoas que aparecem diante das lentes dos policiais têm sua privacidade violada e sua imagem exposta. O que no Brasil pode parecer uma questão secundária é discutida com muita seriedade em países onde a este tipo de tecnologia já é amplamente utilizada, mesmo com sistemas onde não há o registro contínuo.
A verdade é que nunca foi claramente definido como esse material seria tratado ou quem teria acesso a ele. Essa falta de regulamentação levanta sérias preocupações sobre o uso e a segurança dos dados capturados pelas câmeras, sem mencionar a possibilidade de vazamentos ou uso indevido das informações coletadas.
Tudo isso deveria ser abordado de forma transparente e técnica, o que, por si só, já seria suficiente para reduzir significativamente o impacto negativo da tecnologia.
A captura política do uso das câmeras corporais contaminou o debate e influenciou as ações das forças de segurança em relação à sua adoção. Entretanto, as questões mais importantes desse debate foram ignoradas, prejudicando tanto a população quanto os profissionais de segurança pública.
Nunca se discutiu como a tecnologia poderia ser utilizada para melhorar o trabalho dos policiais ou proporcionar maior segurança jurídica no desempenho de suas funções. Pelo contrário, o foco permaneceu na mesma postura preconceituosa, que presume que os policiais são uma classe profissional formada por maníacos, prontos para sair às ruas com sede de sangue e ansiosos para matar alguém.
O que a maioria dos repórteres, políticos e comentaristas ignora é que os policiais não são avessos à tecnologia das câmeras corporais. Em muitos estados onde os governos não adquiriram os equipamentos, os policiais utilizam câmeras compradas com o próprio salário para registrar suas ocorrências.
Uma solução caseira, que antecedeu qualquer iniciativa estatal, buscando garantir que a versão dos fatos apresentada pelos policiais não seja sumariamente ignorada pela justiça.
Agora sob os holofotes e a pressão da imprensa o STF define, de Brasília, como os policiais do estado de São Paulo terão de utilizar as câmeras corporais. Ignorando toda a realidade local, as estratégias e as políticas públicas regionais, cristalizando uma norma que, de acordo com as experiências passadas tende a permanecer. No final, os principais prejudicados serão aqueles que mais precisam da tecnologia sejam eles policiais ou cidadãos comuns.
O Big Brother PM: Câmeras corporais a tecnologia raptada pela política
Autor: TENENTE-CORONEL AGUIAR
POR: Luiz Fernando Ramos Aguiar
Os últimos episódios envolvendo policiais militares reacenderam o debate sobre o uso de câmeras corporais por policiais em serviço. Uma questão técnica que poderia ter sido resolvida de maneira descomplicada tornou-se um cavalo de batalha ideológico, envolvendo defensores e detratores do equipamento.
A tecnologia, amplamente utilizada em diversos países, não é um bicho de sete cabeças, mas levanta questões relevantes, tanto em relação à privacidade de policiais e cidadãos quanto ao modelo de operação que será adotado.
A defesa do uso das câmeras acabou se tornando uma espécie de símbolo da esquerda em oposição, principalmente aos governadores mais conservadores. Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás, transformaram-se nos principais opositores do sistema, capturando o sentimento dos policiais em relação à autonomia no desempenho de suas funções e à falta de privacidade gerada pela utilização dos equipamentos.
Toda essa polêmica poderia ter sido evitada caso o modelo de operação original, implementado no estado de São Paulo, não tivesse optado por se tornar uma espécie de Big Brother. As câmeras funcionavam de forma ininterrupta durante todo o turno de serviço dos policiais. Esse modelo de operação é mais uma “jabuticaba” da segurança pública brasileira – uma inovação pensada de forma enviesada e fadada ao fracasso.
O primeiro problema desse sistema de vigilância contínua é o alto custo para manutenção e armazenamento dos dados gerados pelas câmeras em operação. Além disso, o modelo prejudica a atuação dos policiais, que deixam de contar com a confiança da população para obter informações cruciais para evitar crimes e prender criminosos. Afinal, em um país onde comunidades são dominadas por facções e milícias, qual cidadão, em sã consciência, forneceria informações a um policial sabendo que toda a conversa está sendo registrada?
Outra questão completamente ignorada é a da privacidade. Quando as câmeras corporais registram todo o período de serviço dos policiais, esses profissionais tornam-se não apenas vítimas do Big Brother, mas também seus próprios agentes. Ao entrarem em um hospital, uma residência ou mesmo uma igreja, todas as pessoas que aparecem diante das lentes dos policiais têm sua privacidade violada e sua imagem exposta. O que no Brasil pode parecer uma questão secundária é discutida com muita seriedade em países onde a este tipo de tecnologia já é amplamente utilizada, mesmo com sistemas onde não há o registro contínuo.
A verdade é que nunca foi claramente definido como esse material seria tratado ou quem teria acesso a ele. Essa falta de regulamentação levanta sérias preocupações sobre o uso e a segurança dos dados capturados pelas câmeras, sem mencionar a possibilidade de vazamentos ou uso indevido das informações coletadas.
Tudo isso deveria ser abordado de forma transparente e técnica, o que, por si só, já seria suficiente para reduzir significativamente o impacto negativo da tecnologia.
A captura política do uso das câmeras corporais contaminou o debate e influenciou as ações das forças de segurança em relação à sua adoção. Entretanto, as questões mais importantes desse debate foram ignoradas, prejudicando tanto a população quanto os profissionais de segurança pública.
Nunca se discutiu como a tecnologia poderia ser utilizada para melhorar o trabalho dos policiais ou proporcionar maior segurança jurídica no desempenho de suas funções. Pelo contrário, o foco permaneceu na mesma postura preconceituosa, que presume que os policiais são uma classe profissional formada por maníacos, prontos para sair às ruas com sede de sangue e ansiosos para matar alguém.
O que a maioria dos repórteres, políticos e comentaristas ignora é que os policiais não são avessos à tecnologia das câmeras corporais. Em muitos estados onde os governos não adquiriram os equipamentos, os policiais utilizam câmeras compradas com o próprio salário para registrar suas ocorrências.
Uma solução caseira, que antecedeu qualquer iniciativa estatal, buscando garantir que a versão dos fatos apresentada pelos policiais não seja sumariamente ignorada pela justiça.
Agora sob os holofotes e a pressão da imprensa o STF define, de Brasília, como os policiais do estado de São Paulo terão de utilizar as câmeras corporais. Ignorando toda a realidade local, as estratégias e as políticas públicas regionais, cristalizando uma norma que, de acordo com as experiências passadas tende a permanecer. No final, os principais prejudicados serão aqueles que mais precisam da tecnologia sejam eles policiais ou cidadãos comuns.
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