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Ricardo Capelli: O Forasteiro e Sua Ambição Eleitoreira no DF


Foto: Reprodução/Instagram (@cappelli.ricardo)



Ricardo Capelli, ex-interventor da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e atual presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Capelli parece ter se apaixonado pelo poder local. Filiado ao PSB, partido de Rodrigo Rollemberg( ex-governadordo DF com a pior avaliação na história da capial federal), Capelli já ensaia uma candidatura ao Palácio do Buriti em 2026. No entanto uma perguntar paira no ar, será que Brasília abraçará esse novo “cidadão” tão recente quanto controverso?

Entre a Esquerda Nacional e o PT Local: Uma Relação Delicada

Apesar de fazer parte governo Lula em sua versão 3.0 e ter um histórico alinhado à esquerda nacional, Capelli não é unanimidade sequer entre aliados. Sua ligação com o PT nacional é vista como estratégica, mas no PT do Distrito Federal ele não goza da mesma simpatia. Os quadros locais o enxergam como um oportunista que se aproveitou do caos institucional para alavancar sua carreira política.

Essa desconfiança interna pode ser um grande obstáculo. Ensaio de candidatura à parte, Capelli enfrenta um cenário em que ser visto como “o homem de fora” – tanto pela origem quanto pela ausência de raízes na política local – o coloca em desvantagem frente a figuras já consolidadas no DF.

Ligação com Rollemberg: Um Peso ou um Apoio?

Estar no PSB, mesmo com suas alianças nacionais, traz a Capelli o peso de carregar o legado de Rodrigo Rollemberg, que governou o DF de 2015 a 2018 e saiu de cena com uma avaliação historicamente negativa. Durante sua gestão, houve insatisfação generalizada com áreas essenciais como saúde e segurança pública, além de atrasos em projetos estruturantes. Associar-se a esse histórico é, no mínimo, um movimento arriscado para alguém que deseja conquistar o eleitorado da capital.

As Críticas e a Incoerência

Desde que deixou o comando da segurança, Capelli tem se destacado mais pelas críticas do que por propostas. Sua postura incisiva contra o Governo do Distrito Federal (GDF), especialmente em temas sensíveis como segurança pública e gestão de recursos, levanta questionamentos sobre suas reais intenções. Um dos episódios mais polêmicos foi sua postura durante os incêndios que devastaram áreas do DF. Em vez de reconhecer o trabalho árduo do Corpo de Bombeiros, Capelli preferiu acusá-los de ineficiência, uma crítica que soou desconectada da realidade e desrespeitosa com profissionais que arriscaram suas vidas.

Outro episódio controverso foi a defesa pela retirada do Fundo Constitucional do DF (FCDF) o que expõe uma visão desconectada da realidade local. Sem o fundo, a segurança pública, a saúde e a educação – pilares essenciais para os quase três milhões de habitantes da capital – sofreriam impactos devastadores. Essa proposta, longe de ser viável, apenas reforça a percepção de que Capelli carece de uma compreensão profunda das necessidades do DF.

Capelli se apresenta mais como um crítico aloprado do governo do DF do que como alguém com propostas claras.

“Uma Semana para Conhecer o DF”: Uma Proposta Eleitoreira

A última cartada de Capelli para se aproximar da população foi a promessa de “morar por uma semana” em diferentes regiões administrativas do DF para conhecer a realidade local. Embora a proposta pareça inovadora à primeira vista, ela rapidamente se revela uma manobra eleitoreira e superficial.

Esse é o exemplo mais claro de uma estratégia populista que subestima a inteligência do eleitorado brasiliense. O Distrito Federal é um mosaico complexo de 35 regiões administrativas, cada uma com identidade cultural, econômica e social únicas. Conhecer suas demandas vai além de dormir em uma casa alugada e conversar com meia dúzia de moradores. Requer presença constante, compromisso de longo prazo e, acima de tudo, sensibilidade genuína.

Essa proposta soa mais como um espetáculo midiático, uma tentativa de criar manchetes em vez de promover mudanças reais.

Uma Candidatura Prematura e Arriscada

Capelli chegou ao DF como um “estrangeiro”, sem histórico ou raízes na capital. Sua breve passagem pelo Executivo local foi suficiente para abrir portas, mas também para levantar suspeitas sobre suas ambições. Seu discurso crítico, embora necessário em uma democracia, carece de substância quando analisado à luz de propostas concretas para o futuro do DF.

Ao apostar em ações midiáticas como “morar nas regiões administrativas”, Capelli revela mais sobre suas intenções eleitorais do que sobre um verdadeiro compromisso com o DF. Não se governa a capital do país com slogans ou promessas superficiais. Governar exige compreensão profunda, diálogo honesto e coragem para tomar decisões difíceis – e isso não se aprende em uma semana.

A Reflexão que Fica

Ricardo Capelli pode até acreditar que sua rápida ascensão e críticas ferrenhas ao GDF lhe conferem credenciais para disputar o Palácio do Buriti em 2026. Mas os eleitores do DF,devem refletir se estão dispostos a confiar o futuro da capital a alguém que, até pouco tempo atrás, sequer fazia parte de sua realidade.

O DF merece mais do que ações eleitoreiras. Merece gestores comprometidos com a construção de um futuro sólido, que compreendam as complexidades locais e estejam dispostos a trabalhar por elas. E isso, definitivamente, não se constroi em sete dias.


Creditos: Portal Mídia Alternativa
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